16 de maio de
2010 AD
Tal como ‘calvinismo’ e ‘teologia reformada’, estes
dois termos (‘reconstrucionismo’ e ‘teonomia’) são volta e meia usados como
sinônimos. Porém, é melhor entendê-los, respectivamente, como gênero e espécie.
Ou seja: adesão ao calvinismo é uma parte do que significa ser um reformado mas
não é a coisa completa. De forma similar, pode-se sugerir que teonomia é parte
do conjunto mais amplo de convicções denominado de ‘reconstrucionismo’.
Teonomia pode ser entendida como a persuasão de que a lei civil que Deus deu a
Israel no Antigo Testamento também deveria ser a lei corrente em todas as
nações do mundo.
Já o reconstrucionismo, caso não seja visto como um
mero sinônimo, abrange, além de convicções teonômicas, uma escatologia
otimista: a convicção de que o reino de Deus está crescendo e, antes do retorno
de Cristo, cobrirá o mundo como as águas cobrem o mar. Teonomia também inclui,
em grande parte, um compromisso com a apologética (defesa da fé) vantiliana
(isto é, de Van Til), também conhecida como ‘pressuposicionalista’. Tal
perspectiva sugere, dependendo de quem a defende, que devemos pressupor a
existência de Deus no intuito de provar a Sua existência, ou então que é
impossível e perverso tentar provar a Sua existência (e, assim deveríamos
simplesmente a pressupor). Outras pessoas acrescentam ainda mais detalhes ao
definir o reconstrucionismo (por exemplo, a teologia do pacto), mas estes
quatro (calvinista na teologia, teonômico na ética, otimista na escatologia e
pressuposicional na apologética) são os principais elementos.
Há dois pontos importantes. Primeiro, independente
de se adotar a teonomia ou não, todos nós cristãos deveríamos ser teonomistas
de alguma forma. Meus amigos teonomistas sempre propõem duas alternativas:
“autonomia ou teonomia!”, eles dizem. E, obviamente, estão corretíssimos. Nós
teremos ou a lei humana ou a lei divina, e somente um néscio prefiriria os
homens a Deus. A questão, então, se corretamente entendida, não é se devemos
ter a lei que Deus quer que tenhamos. A questão, pelo contrário, é a respeito
de qual lei Deus quer que nós tenhamos. Será que Deus deu a lei civil (isto é,
a lei que diz respeito ao governo) a Israel como um paradigma ou padrão para a
legislação ideal de qualquer Estado?
A Confissão de Westminster nos convoca a adotar o
que os teólogos na época chamavam de ‘equidade geral’ da lei. Isto é, embora
haja princípios fundamentais da justiça de Deus em operação na instituição da
lei civil do Antigo Testamento, talvez seja necessário dar os ajustes
apropriados e levar em conta que o nosso contexto é diferente daquele. Um
exemplo comum é o seguinte: no Israel do Antigo Testamento, os proprietários de
imóveis tinham que ter cercas nos seus telhados. Tal lei faria pouco sentido
nos nossos dias, pois não temos o hábito de passar o tempo em cima das nossas
casas. A ‘equidade geral’ sugere que o objetivo desta regra é a segurança
física dos familiares e dos eventuais hóspedes. Assim, pode-se dizer que os
proprietários modernos deveriam ter ‘cercas’ nas suas piscinas. Uma medida para
o seu nível de proximidade em relação à teonomia como ideologia é refletido na
precisão da sua aplicação dessa ‘equidade geral’.
Em segundo lugar, cuidado! Não dê ouvidos àqueles
críticos que não entendem coisa alguma de teonomia ou de reconstrução. Aqueles
de esquerda (teológica e politicamente) gostam de retratar os teonomistas e
reconstrucionistas, herdeiros dos puritanos, como se fossem ‘jihadistas
evangélicos’ do inferno que desejam impor um regime fascista calvinista sobre o
resto do mundo. Isso é uma calúnia sem par! Os teonomistas, bem como o resto de
nós cristãos, querem ver justiça no âmbito político. Eles querem ver as nações
serem disciplinadas. Eles querem que o reino se manifeste. Eles querem ver todo
joelho se dobrar e toda língua confessar que Jesus Cristo é Senhor. E quem é
que, estando em Seu reino, poderia desejar outra coisa?
Fonte: Ligonier Ministries
Tradução: Lucas G. Freire
ICET - Instituto de Cultura e Educação Teonomista
E-mail: culturateonomista@gmail.com
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